Empreendedor Online Jhileade
Vamos iniciar o artigo de hoje com o seguinte texto:
2 – Estrutura piramidal: um problema organizacional
Para a maioria das empresas de MMN, o produto é apenas uma das maneiras de lucrar. O produto ou serviço vendido por uma empresa de MMN pode até ser bom, e alguns realmente chegam a ser excelentes, e a saturação de mercado é algo que, com certeza, passa pela cabeça dos distribuidores que entram para alguma empresa de MMN. Vamos ser sinceros, o produto não é incentivo para pessoas entrarem no MMN, embora muitos membros de MMN afirmem que só entraram pelo produto, e isso pode até ser verdade para uma minoria. Se as pessoas entrassem no MMN por causa do produto, elas já teriam demonstrado interesse anteriormente em vender o tipo de produto ofertado pela empresa, e não é o caso para a maioria. Quantos de seus amigos, que depois de entrarem para determinada empresa de MMN, passam a falar sobre os produtos da empresa de maneira fanática, quase obsessiva, mesmo essa pessoa nunca tendo demonstrado interesse em consumir, e muito menos em vender, tais produtos? Isso acontece porque o produto é um mero detalhe, um embuste, um disfarce para esconder o verdadeiro mecanismo lucrativo do MMN.
Numa reunião típica, de uma empresa típica de MMN, você ouvirá o seguinte discurso do palestrante:
- Veja só, vamos a um exemplo. Digamos que você recomende nosso produto a dez pessoas, e elas comecem a utilizar nossos produtos. Apenas dez, não são vinte, nem trinta, nem cem, apenas dez. Todo mundo aqui conhece mais de dez pessoas, certo? Se você vender pra essas dez pessoas, e essas dez pessoas, cada uma convencer mais dez pessoas, o que não é difícil, pois até eu consegui – sorriso amarelo do palestrante e a platéia sorri alegremente -, você terá uma organização gigante e vai ganhar muito dinheiro. É assim que ganhamos dinheiro, recomendando nossos produtos para as pessoas, que vão gostar, entrar pra empresa e recomendar para outras pessoas, e assim todo mundo fica rico – platéia vai ao delírio.
Fica claro nesse tipo de discurso que o objetivo primário do MMN não é vender produtos, é colocar pessoas no negócio, e também fica claro que as pessoas entram no MMN, pensando em montar organizações gigantescas de distribuidores, para abocanharem lucros enormes dessa organização e ficarem ricas. Como foi dito anteriormente, a vontade de vender determinado tipo de produto de uma empresa de MMN, não explica a entrada das pessoas nesse tipo de negócio, pois se fosse assim, essas pessoas já teriam demonstrando interesse anteriormente em vender produtos do gênero.
Números e senso comum
Há uma anedota que conta que o MMN funciona porque a maioria das pessoas não sabe, ou não lembra, como funciona uma progressão geométrica. Embora tenha seu lado cômico, essa afirmação tem um lado verdadeiro. Se cada membro de uma empresa de MMN recrutar 10 pessoas, que por sua vez, irão recrutar mais 10 pessoas cada uma, no terceiro nível da organização já teríamos mais de 1.000 pessoas, ou seja, todo teu bairro teria que ser recrutado. No sexto nível, teríamos mais de 1 milhão de pessoas, toda a sua cidade nesse ponto já teria sido recrutada. No nono nível, já teríamos mais de um bilhão de pessoas no esquema, mais de 5 vezes a população do Brasil. Embora esse modelo matemático pareça absurdo, afinal de contas se fosse verdade, hoje todos nós faríamos parte da Amway ou da Herbalife, o modelo parte do principio de que todos que fossem convidados a entrar para determinada empresa de MMN, não recusariam o convite e entrariam, além disso trariam mais 10 pessoas para o negócio. O modelo matemático não leva em consideração as pessoas que não entram para o negócio, ou que sequer aceitam participar das reuniões, então por isso percebemos que a realidade é pior do que parece.
E se falhar? Não pode falhar?
A pergunta acima “e se falhar?” mexe com os nervos dos mais fanáticos por MMN. Se você argumentar numa reunião de MMN que se trouxer dez pessoas para a próxima reunião, e cadastra-las, e na próxima reunião cada uma dessas dez pessoas trouxer mais dez pessoas, em nove reuniões a sua organização será do tamanho da população da China, provavelmente o palestrante lhe responderá o seguinte: “isso é absurdo, nem todos terão sucesso, por isso o mercado nunca irá saturar”.
Será que isso é verdade? O MMN é construído de “vencedores”, ou foi feito para lucrar em cima dos “perdedores”?
Na mesma reunião, mencione ao palestrante que o mercado é finito e que a saturação, quando alcançada, irá trazer prejuízos aos novos recrutas e você ouvirá o seguinte: “a maioria falha mesmo, a maioria das pessoas falha em tudo que se propõem a fazer em suas vidas, mas não você, você me parece um vencedor. Você é um vencedor ou perdedor?”. Quem resiste a tal pergunta e a tal argumento?
É assim que os promotores do MMN escapam das perguntas mais delicadas, com parábolas, piadas, perguntas, ou, a arma mais poderosa, depoimentos.
Novas soluções: um MMN retardado
Algumas empresas modernas de MMN tentam retardar a inevitável saturação de mercado, limitando o número de pessoas que cada membro pode recrutar. Isso não evita a saturação, pois a mesma lógica se aplica, e a progressão geométrica é algo monstruoso, até mesmo se a empresa permitir que cada pessoa recrute apenas duas pessoas. Nesse modelo binário, no 33º nível já teríamos mais de 8 bilhões de pessoas na empresa, mais que a população atual do planeta.
Os defensores do MMN pregam que o MMN é apenas um meio de distribuição de bens e serviços, construído com pessoas normais, onde qualquer um pode participar e lucrar.
Imagine comprar um produto ou serviço, e ter que pagar royalties a 5 ou 10 camadas de distribuidores que foram desnecessários, e que não participaram, do processo de venda. Isso é um meio eficiente de ofertar serviços e produtos ao público? É inteligente vender dessa maneira?
As sombras da pirâmide
Uma técnica conhecida e muito utilizada pelos mágicos é a distração do público, seja através de distorções de raciocínio, manipulação de informações ou qualquer outro artifício que possa ganhar a confiança do público, ao mesmo tempo em que o distrai de algo que não deve vir à tona. Nas reuniões de MMN, os palestrantes irão apelar para histórias comoventes de distribuidores que vieram “do nada” e enriqueceram graças ao negócio de MMN ofertado por eles, ou falarão, de maneira debochada, das poucas oportunidades que o mercado formal de trabalho hoje oferece, ou então tentarão mexer com os sonhos das pessoas, tudo isso com o intuito único de manter o lado lógico da platéia totalmente dominado e adormecido. Como uma pessoa, numa reunião dessas, pode pensar em termos lógicos, como oferta e demanda, saturação de mercado, penetração de mercado, ou até mesmo aceitação dos produtos, quando uma senhora de 60 anos sobe ao palco para contar que ganhou 2 mil reais mês passado, trabalhando de forma parcial nesse negócio? Como alguém vai questionar o palestrante que era catador de papel, e agora pode comprar uma Mercedez e dar de presente para sua filha? As reuniões utilizam da mesma técnica dos mágicos: distraem a mente do público para que não percebam como a mágica realmente funciona.
A primeira reunião pode não ser a última, se você resolver entrar para a empresa. A partir do momento que você se cadastra na empresa, você terá que recrutar pessoas e, inevitavelmente, participará semanalmente dessas reuniões motivacionais que toda boa empresa de MMN oferece. Se o negócio é tão bom, e simples, por que tantas reuniões motivacionais? Pra quê tantos livros motivacionais, com idéias pra lá de questionáveis – como “O Segredo”, por exemplo -, e DVDs motivacionais, sites na Internet, sites de vídeo, listas de emails e grupos de emails, e reuniões motivacionais?
A resposta é simples: o lado lógico não pode ficar dominado por muito tempo, de vez em quando ele acorda, como quando, por exemplo, o distribuidor lê alguma história de fracasso de ex-distribuidores da empresa, ou então percebe que o produto é de difícil aceitação, nesses momentos o lado lógico começa a botar pontos de interrogação na cabeça do distribuidor, e esses pontos de interrogação “somem” quando o distribuidor vai até uma reunião e encontra o ex-catador de papel que agora só anda de carro importado.
Muitas dessas empresas ainda cobram por essas reuniões. Já deu pra imaginar a fortuna que essas empresas podem ganhar só com essa “venda de motivação”?
Ofertas de oportunidades no MMN: uma proposta perdedora
Uma pessoa racional, a par dos fatos que explicamos sobre saturação de mercado, trabalharia numa empresa de MMN, sabendo que poderá haver uma breve saturação de pessoas vendendo o mesmo produto que ela, e na mesma região?
O que você acha? É um bom negócio, ou é a receita para um desastre coletivo?
A ideia é chegar no inicio de um negócio de MMN. Repare em empresas novatas no mercado, nem precisamos citar nomes, e que todas elas, sem exceção, enfatizam que “o negócio está há pouco tempo no mercado, essa é a oportunidade para construir uma grande organização e ser um pioneiro”. Isso é óbvio, porque a venda do produto está programada para falhar, já que o mercado vai saturar de distribuidores em algum momento, e a partir daí ganha dinheiro quem está no topo, pois lucra com cada compra feita por aqueles que estão na base, e com o mercado saturado, as pessoas da base que compraram produtos só tem uma dentre duas opções: devolve-los à empresa ou vende-los a preço de banana, pois o mercado saturou. Já viu a quantidade absurda de pessoas vendendo Herbalife em sites de leilão por até 10% do preço original? As empresas de MMN, de maneira inteligente, aceitam devoluções, mas com tantas barreiras burocráticas e exigências absurdas, que os distribuidores preferem o prejuízo, e acabam vendendo seus produtos abaixo do preço de custo.
3 – Perdas financeiras
Repare em alguns sites e materiais de divulgação de empresas de MMN, e você vai encontrar, invariavelmente, apelos ao materialismo. Seja com fotos de mansões, carros de luxo ou promessas de cifras astronômicas na sua conta bancária, o apelo ao materialismo é uma das principais maneiras utilizadas pelas empresas de MMN, para ofertarem suas oportunidades de negócio.
Esse não precisaria ser a abordagem padrão dessas empresas, mas é.
Um apelo tão explicito deveria deixar as pessoas com suspeitas. “Por que tanta apelação?”. “Será que isso é legal? Não seria melhor que focassem no produto que estão vendendo, ao invés de ficarem mostrando carros e casas de pessoas que eu nem sei se existem?”.
Hoje em dia somos bombardeados diariamente com anúncios espalhafatosos na TV, rádio e Internet, as empresas de publicidade tentam de toda maneira nos convencer de que os produtos de seus clientes são de extrema valia, praticamente indispensáveis em nossas vidas, no entanto todos esses anúncios se utilizam de linguagem poética, situações cômicas, situações bizarras e fantasiosas para tentar nos comover de que os produtos ofertados farão diferença em nosso cotidiano. Nada de errado, é prática comum no mundo capitalista a oferta exagerada, no entanto sabemos que os limites desses anúncios são apenas fantasiosos, ninguém acredita que a Gisele Bundchen dirige um carro popular, por outro lado, a oferta de negócios MMN mexem com algo bem mais delicado que o desejo de consumo, mexem com a ganância e a promessa de sonhos.
É comum, em propagandas oficiais de empresas MMN, as promessas de que seus distribuidores, ao se juntarem à empresa, um dia realizarão seus sonhos de consumo. As empresas geralmente oferecem isso de maneira sutil, porém seus distribuidores, por sofrerem fraca fiscalização, mexem de maneira mais agressiva ainda com as promessas exorbitantes. É comum, em panfletos e sites de distribuidores MMN, vermos promessas de ganhos exagerados de milhares de reais mensais trabalhando apenas algumas horas por dia.
“Ganhe de R$1.500 a R$2.000 por mês trabalhando apenas nas horas vagas”, é o tipo de anúncio mais comum de distribuidores MMN, embora algumas empresas sejam mais sutis em suas promessas, e outras mais exageradas ainda que chegam a prometer ganhos de R$5.000 a R$10.000 por mês.
Outra constante nos anúncios são os famosos carros de luxo, mansões e depoimentos de distribuidores mais velhos, que iniciaram o negócio em mercados inexplorados e que por isso obtiveram resultados fantásticos com esse tipo de negócio, o problema é que esses líderes prometem aos novatos, sucesso semelhante, porém sem levar em consideração todas as limitações do mercado a ser explorado por esses novatos.
A pergunta que muitos não fazem: por que essas empresas exploram tanto o apelo ao materialismo e o depoimento de distribuidores pioneiros?
A resposta? Porque não existe nada que comprove o MMN como sendo sustentável a longo prazo, muito pelo contrário, estudos como o do P.h.D Jon Taylor, que estudou o plano de marketing de mais de 250 empresas de MMN, apontam que mais de 99% das pessoas que entram para esse tipo de negócio acabam perdendo dinheiro de alguma maneira.
“Não tem como perder dinheiro, pois é só devolver o produto!”
É comum ouvirmos esse tipo de argumento dos distribuidores de várias empresas de MMN, inclusive esse argumento é utilizado em reuniões para tentar convencer as pessoas de que, se elas entrarem, e não conseguirem vender os produtos, basta devolve-los.
Mas se isso é verdade, por que tantas pessoas alegam perder dinheiro no MMN? Não basta devolve-los em caso de fracasso?
Para responder a essa pergunta, vamos raciocinar o processo básico de entrada de pessoas para esse tipo de negócio. Em primeiro lugar, o “alvo” favorito de recrutamento das pessoas envolvidas com MMN, são aquelas pessoas que já possuem alguma ocupação, e por conseguinte uma renda, e isso é fácil de entender. O negócio possui investimentos iniciais, e investimentos posteriores ao inicial até o negócio ser auto-sustentável, ou na linguagem comum, até o negócio “decolar”, por isso é recomendável recrutar pessoas que tenham de onde tirar o capital inicial e posteriores investimentos que mantenham o negócio aquecido. Por isso as propagandas de MMN enfatizam por demais os termos “renda extra” e “trabalhe nas horas vagas sem abandonar sua ocupação atual”, tudo isso para agradar seu principal público, as pessoas que já possuem uma renda e querem um extra. A cartilha MMN também prega que para cada tipo de “peixe” existe um tipo de “isca”. Pessoas que trabalham em empregos medianos, por vezes com instrução mediana e salários medianos, a “isca” seria “renda extra”, porém, para atrair pessoas com salários maiores, ambições maiores, profissionais liberais e pequenos empresários, a “isca” seria “liberdade financeira”. Repare que não existe “isca” para desempregados e pessoas sem renda, por motivos óbvios.
O fato do MMN preferir pessoas com alguma ocupação no mercado tradicional cumpre 2 objetivos:
1 – Como a pessoa trabalha, em tese terá dinheiro para investir no negócio;
2 – É praticamente impossível encontrar pessoas que estejam satisfeitas com seus empregos e salários, e esse é um problema estrutural de nossa sociedade moderna, mas pode ser explorado com facilidade pelos promotores de MMN.
Quando essas pessoas, com seus empregos normais no mercado de trabalho, tomam contato com as reuniões de MMN, recheadas de PNL (programação neuro-linguistica), depoimentos de pessoas que obtiveram riquezas graças ao sistema MMN, palestras que demonstram todas as fragilidades do mercado tradicional, parábolas e histórias de sucesso – sempre das mesmas pessoas -, essas pessoas acabam se apaixonando por essa maravilha moderna, por esse sistema “justo” e “inovador” chamado MMN, e se arrependem de não terem tido contato antes com esse mundo “perfeito” do MMN.
Não há necessidade de repetir que essas reuniões são arquitetadas para convencer as pessoas de que o MMN é a salvação econômica, e de que os produtos ofertados por essas empresas são a salvação definitiva, qualquer que seja o produto. As reuniões abusam da linguagem do convencimento, e da satanização do mercado tradicional, sempre falando dos baixos salários, falência da previdência social e demais problemas que as pessoas já tinham conhecimento, mas que depois da primeira reunião de um empresa MMN, passam a acreditar que o MMN é a salvação de todos esses problemas.
A partir dessa reunião, as pessoas que decidem participar do negócio entram num segundo estágio, o estágio onde começam a conhecer melhor os produtos, o negócio, e o estágio onde fazem sua primeira compra para que possam começar a revender seus produtos, e a recrutar – a parte mais interessante do negócio.
A partir daí a coisa começa a ficar interessante, porque os custos do negócio não são apenas os produtos comprados para revenda, os distribuidores também gastam com telefone, internet e celular para fazer contato com clientes e potenciais recrutas, além disso gastam com transporte, porque precisam visitar clientes, e também gastam com propaganda, seja em sites de Internet, panfletos ou anúncios de jornal, no entanto é comum vermos distribuidores de MMN enfatizando apenas o “investimento” em produtos, sem levar em consideração demais gastos necessários para funcionamento do negócio. Se um distribuidor gastar R$50 por mês com transporte e propaganda, e investir R$200 na compra de produtos, repare que 20% de seus custos de negócio estão depositados em transporte e propaganda. Imagine se toda empresa fizesse sumir de sua contabilidade 20% de seus gastos mensais? É exatamente o que os distribuidores fazem quando listam a compra de produtos como “único” custo do negócio.
Todos investem, mas a maioria não recupera, alguns por não terem facilidade com vendas, mas a maioria falha por causa dos preços altos praticados pela maioria das empresas de MMN, aliado a isso lembremos que o público geral não tem familiaridade com produtos de empresas MMN, dado que essas não anunciam nos canais de comunicação em massa, e, além disso, temos muitos mercados saturados onde fica difícil conseguir novos clientes, porque a maioria das pessoas já teve algum contato com tais produtos.
Porém, essas pessoas não são alertadas sobre isso, e continuam tocando o negócio, tentando vender o produto, e tendo, todo mês, custos para manter esse negócio mas sem o retorno financeiro esperado, na verdade com prejuízos, mesmo que pequenos mas cumulativos. Muitos promotores de MMN argumentam que no mercado tradicional as empresas levam anos até obterem resultados financeiros positivos, e isso é verdade, mas lembremos que esses mesmos promotores anunciam às pessoas um “negócio simples, de investimento baixo e retorno rápido”. Sim, a utilização de dois pesos e duas medidas é uma constante entre os promotores de MMN.
As pessoas começam a ter dificuldades para vender os produtos e recrutar novos distribuidores, então começam a freqüentar reuniões, que não passam de reuniões motivacionais que servem apenas para injetar ânimo naqueles que, mesmo tentando de todas as formas, só conseguem prejuízo mês após mês. Por isso é tão importante recrutar pessoas que possuam alguma renda, e que tenham dinheiro para continuar investindo, ou mantendo o negócio, mesmo com prejuizos. E por isso as reuniões motivacionais são tão importantes, dado que pelo desleixo das empresas MMN, os mercados saturam com rapidez, e a partir dai apenas as promessas mantêm as pessoas no negócio.
Então o cenário é que mês após mês as pessoas custeiam o negócio, mas os lucros são timidos ou inexistentes, e essas pessoas frequentam reuniões onde ouvem os lideres falando que “basta ter fé no sistema, acreditar e nunca desistir”, só que isso de nada ajuda caso as vendas não se concretizem, e depois de um tempo tentando, tentando e tentando, essas pessoas percebem que só obtiveram prejuizo ao longo do negócio, e decidem desistir.
E isso responde ao argumento de que “é impossivel perder dinheiro, pois basta devolver os produtos”, dado que o prejuizo é mensal e cumulativo. Ninguém entra no negócio, compra alguns produtos, tenta vendê-los e em caso de fracasso acaba por devolve-los. Isso é um mito criado, porque as perdas no MMN são oriundas de investimentos mensais, cumulativos, que as pessoas fazem acreditando que logo seu negócio irá “decolar”.
Quase todas as pessoas obtêm resultados satisfatórios nos primeiros meses que iniciam uma atividade MMN, e isso é facilmente explicável, já que essas pessoas começam oferecendo seus produtos a familiares e amigos, os quais, obviamente, compram com mais facilidade por causa dos laços de amizade ou de familia, e em muitos casos compram “pra ajudar”. Isso cria a ilusão de que o negócio é rentável a longo prazo. Depois de vender para amigos e familiares, as pessoas precisam vender a pessoas desconhecidas, e a partir dai as dificuldades começam, pois essas pessoas analisarão friamente a compra, e não comprarão “para ajudar”, e sim apenas se a compra for interessante.
As pessoas adquirem prejuizos mensais e cumulativos no MMN tentando vender os produtos, e muitas vezes conseguem vender os produtos, só que o lucro já é usado para cobrir prejuizos posteriores, mas a pessoa reinveste o dinheiro e o ciclo vai se repetindo, sempre com prejuizos pequenos mas cumulativos que são “apagados” pelas fortes doses de motivação aplicadas pelos lideres em reuniões.
Falar que é impossivel perder dinheiro no MMN, pois as empresas recompram os produtos, é só um argumento frágil que não condiz com a realidade de como o negócio MMN transcorre para a maioria de seus participantes.
Muitas pessoas ganham dinheiro com MMN, e isso é verdade, no entanto cedo ou tarde, pessoas que entram para esse tipo de negócio acabam encontrando mercados saturados, onde o prejuizo será certo, porém o discurso dos lideres continuará o mesmo: “o sistema é perfeito, funciona para todos, basta ter fé”, e coisas do gênero, sem levar em consideração a dinâmica de mercado, as especificidades da região onde moram os distribuidores, sem levar em conta qualquer parâmetro sério de negócio, baseando-se apenas na “fé” de que o MMN é um sistema perfeito e de que todos podem obter sucesso nesse tipo de negócio. Essa é a receita perfeita para desastres financeiros.
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Atenciosamente,
Empreendedor Online Jhileade
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